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Priorizando o autocuidado do docente em um mundo com COVID

Audrey Campbell
Audrey Campbell

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Imagine que você está treinando para uma maratona.

Você tem uma programação de treinos pela frente, semanas de atividades para prepará-lo para a corrida. Você planejou várias corridas longas e muitos exercícios nos intervalos, mas você tem que diminuir o ritmo: não é bom para seus músculos muito esforço. Você precisa se recuperar - seus músculos ficam mais fortes e mais resilientes quando você lhes dá a chance de se recompor. Com isto em mente, você se assegurou de priorizar os seus dias de folga porque a última coisa que você quer é chegar no dia da corrida esgotado.

Agora, imagine a mesma abordagem, mas como professor, fazendo seu planejamento. Antecipando dias difíceis, mas sem esquecer do repouso. Priorizando o autocuidado de curto prazo - momentos que dão suporte para sua saúde mental, emocional e física - com o objetivo de garantir o seu bem-estar a longo prazo.

Ensinar não é uma profissão típica. Requer resiliência constante e uma quantidade enorme e diária de esforço mental, emocional e físico. E ensinar durante a pandemia não é algo típico também. Aplique a mesma analogia acima - treinar para uma maratona - e lance obstáculos aleatórios e absurdamente ridículos pelo caminho. Indiscutivelmente, os docentes em meio à pandemia de COVID, estão se preparando para um combo de corrida com obstáculos e maratona.

Não há soluções fáceis, principalmente dado que estes docentes estão enfrentando o dilema intenso de aulas na escola, versus ensino remoto/salas de aula híbridas para o próximo ano. Por um lado, a American Academy of Pediatrics (AAP) afirma que as escolas precisam abrir. A AAP destaca o papel crucial que as escolas têm, não só no suporte do desenvolvimento de crianças e adolescentes, mas também no enfrentamento das desigualdades sociais e raciais.

Entretanto, este não é o cenário completo. Patti West-Smith, gerente sênior da equipe de inovações em ensino e aprendizagem da Turnitin, docente e diretora aposentada, diz:

“(Os Alunos) não são as únicas pessoas nesses prédios, ou nos ônibus. Se só alguns dos adultos ficarem doentes, a engrenagem para porque você se torna dependente de substitutos que, em sua maioria, se tratam de indivíduos aposentados que correrão um risco ainda maior, sem mencionar que a imensa maioria dos coordenadores têm mais de 50 anos. Até mesmo uma temporada de gripes pode fechar um prédio escolar… E isso nem considera o fato de que tentar manter um protocolo de segurança para reabertura custará milhões (bilhões?) de dólares. Não estou dizendo que não devemos fazer, mas eu não acho que podemos ignorar outros aspectos da situação”.

É justo dizer que os docentes realmente desejam estar com seus alunos, pessoalmente e em sala de aula, com o objetivo de oferecer o ensino da mais alta qualidade. Mas é preciso ter um equilíbrio entre o bem-estar dos professores e o bem-estar dos alunos, das famílias e das comunidades.

Com todas as diferentes perspectivas de como educar os alunos com segurança e eficácia, juntamente com a garantia de que todos estejam saudáveis e respaldados, a resiliência e o bem-estar dos nossos docentes se torna mais importante do que nunca. Eles estão na linha de frente da educação presencial e on-line, e estão conduzindo esta geração de alunos para a próxima fase da educação global.

Logo, como os docentes podem priorizar o autocuidado em um mundo com COVID? Aqui estão três maneiras que professores, estejam eles em ensino presencial ou remoto, podem ter um tempo livre para si mesmos.

Defina um cronograma.

Não perca mais nenhum minuto: sente-se diante de uma agenda e planeje-se como nunca se planejou antes. Analise suas tarefas futuras, aulas e lista de atividades e controle o seu tempo, isso lhe permitirá estar mais presente ao longo da semana. A docência durante a pandemia requer um planejamento enorme porque há muitos imprevistos. Controlando o que você pode, sua programação, você se dá oportunidade de lidar com a incerteza a partir de uma posição consistente.

É bastante útil anotar todos os seus itens de ação, incluindo suas tarefas priorizadas de autocuidado, porque ajudará a manter-se organizado e responsável. Tente agrupar tarefas relacionadas, ou seja, ao invés de responder um e-mail por vez, por exemplo, você pode estabelecer um momento no seu cronograma para responder todas as mensagens de uma vez. Certifique-se de avaliar seu calendário também: existem coisas que podem ser eliminadas? Onde você pode precisar de ajuda extra? Existe algum tempo adicional que você pode reservar para si mesmo? Uma semana bem planejada parece mais gerenciável e menos estressante, permitindo que você realmente se cuide, enquanto lida com quaisquer obstáculos inesperados, com resiliência.

Defina limites.

Provavelmente, se você trabalha de casa, pode parecer quase impossível separar o seu tempo de trabalho do seu tempo pessoal. As linhas são tênues e as tarefas de trabalho e de casa podem se misturar o que, rapidamente, se torna desgastante. Da mesma maneira que, quando trabalhando em sala de aula, pode parecer que não há limites para o acesso que outras pessoas têm do seu tempo.

E por isso, profissões de cuidado - como a docência - tem taxas severas de esgotamento; de acordo com o THE Journal, ensinar “tem a mais alta taxa de esgotamento físico e mental entre todos os cargos públicos”. Estabelecer limites profissionais protege a sua energia e atenção com o objetivo de maximizar seus efeitos, o que significa ser claro com os demais sobre onde estão seus limites, e por quê.

  • Se você trabalha de casa, organize um espaço específico de trabalho, desta forma, seu tempo de trabalho e de relaxamento são separados, afirma Dr Jackson-Spence. E se possível, absorva a tão necessária vitamina D trabalhando próximo a uma janela, isso pode melhorar o seu humor e mantê-lo desperto e concentrado.
  • Tire um intervalo não-negociável para você mesmo: é fácil se perder em meio a tudo que você precisa fazer. Encontre tempo para você mesmo, independente de estar em casa ou na escola, e obrigue-se a parar por um momento, respirar e recomeçar. Desligar os seus equipamentos também dá aos seus olhos e ao cérebro o reinício essencial. A American Academy of Ophthalmology recomenda seguir a regra 20-20-20 para reduzir o cansaço da visão: a cada 20 minutos, olhe para algo a 20 pés de distância (cerca de 6 metros), por 20 segundos.
  • Distanciamento social em uma sala de aula física pode ser desafiador, principalmente para alunos mais novos. Tente organizar um bambolê para cada aluno e estabelecer a regra de que é proibido invadir o “espaço do bambolê saudável” dos colegas. Marque um “x” no chão para uma distância apropriada da sua mesa onde os alunos devem permanecer, caso tenham uma pergunta individual para você. E mesmo que você esteja em uma sala de aula física, você ainda pode solicitar que todas as tarefas sejam entregues digitalmente, assim você não enfrenta o risco de manusear pilhas de papéis dos alunos. As entregas on-line também permitem que a correção possa ser feita longe da escola, na segurança do seu lar.
  • Diga não. Você tem o direito de proteger o seu tempo e a sua energia, principalmente durante a pandemia, quando todos os docentes de todo o mundo já estão se sentindo esgotados. Comunique suas necessidades claramente para a coordenação e para os colegas - que podem trabalhar com você para estabelecer políticas escolares específicas para a pandemia - assim como para os alunos e suas famílias.
Tenha contato com a natureza.

Pode parecer simples, mas é extremamente necessário. Todos nós precisamos de um tempo longe de nossos computadores, focados na tranquilidade. E mesmo que você more em uma cidade grande, espaços urbanos verdes, ou parques - não importa quão pequenos - ainda garantem elementos essenciais da natureza.

Um estudo empírico da British Columbia descobriu que praticamente qualquer forma de imersão na natureza aumenta o bem-estar geral e resulta em um comprometimento mais positivo com a comunidade humana mais ampla. Ao literalmente parar para cheirar rosas, nós nos tornamos verdadeiramente presentes, “(o que ) garante uma maior tranquilidade interior, julgamentos mais claros e permite respostas mais focadas e criativas à vida cotidiana.”

  • Ao lecionar remotamente - se seu wi-fi te permitir - conduza uma aula digital ao ar livre; você pode até encorajar os seus alunos a assistirem a aula do lado de fora também, desta forma, todos compartilham desta experiência.
  • Para aulas presenciais, aproveite o tempo bom para planejar atividades do lado de fora, isso limitará efetivamente as interações sem distanciamento, em sua sala de aula. Alunos de todas as idades gostam de mudar de ares; debates em pequenos grupos ou sessões de 30 minutos de leitura e escrita farão milagres com o seu humor e energia dos seus alunos.
  • O dia de aula do lado de fora tem uma grande variedade de ideias para docentes do ensino fundamental e médio que estejam interessados no contato com a natureza e pode servir como sugestões úteis para pais e responsáveis que estejam procurando inspirações para atividades.

Correr uma maratona é fácil se comparado a ensinar neste mundo com COVID. Nosso clima educacional atual está exigindo mais dos docentes já exaustos, é por isso que, agora, o autocuidado é mais importante do que nunca. E enquanto não podemos prever as tempestades que estão por vir, que nos permitamos planejar para tirar o tempo que precisamos - e merecemos - para nos cuidarmos hoje.